segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A historicidade da Filosofia

Imagem retirada da net



"Todos os filósofos têm em si o erro comum de partir do homem actual e de atingir o objectivo através de uma análise do mesmo. Involuntariamente têm em mente o 'homem' como uma aeterna veritas [verdade eterna], como um invariante no meio da turbulência, como uma medida segura das coisas. Tudo o que o filósofo afirma do homem não passa, no fundo, de um testemunho sobre o homem de um período determinado. A carência de sentido histórico é o erro hereditário de todos os filósofos; muitos aceitam mesmo, inopinadamente, a mais recente configuração do homem, tal como ela surgiu sobre a pressão de determinadas religiões, e até de determinados acontecimentos políticos, como a forma sólida da qual se deve partir. Não querem aprender que o homem foi sujeito de evolução, que também a capacidade de conhecimento sofreu um desenvolvimento progressivo, enquanto que alguns deles tecem mesmo todo o mundo a partir destas capacidades cognoscitivas. Ora, o essencial da evolução humana ocorreu nas épocas primitivas, muito antes dos 4000 anos, que mais ou menos conhecemos; durante este tempo é possível que o homem não tenha mudado muito. Mas o filósofo descobre 'instintos' no homem actual e supõe que eles pertencem aos factos imutáveis do homem e podem, portanto, fornecer a chave para a compreensão do mundo em geral. (…) Mas tudo sofre um devir; não há factos eternos, da mesma forma que não há verdades absolutas. Por conseguinte, o filosofar histórico é necessário desde agora e, com ele, a virtude da humildade."
Nietzsche, Menschliches, p. 234.


1. Tendo presente a historicidade como uma característica inerente a toda reflexão filosófica, comente o seguinte extracto do texto: "Tudo o que o filósofo afirma do homem não passa, no fundo, de um testemunho sobre o homem de um período determinado. A carência de sentido histórico é o erro hereditário de todos os filósofos."


(Retirado do site Netprof)

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