quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Determinismo

Determinismo é a doutrina que afirma serem todos os acontecimentos, inclusive vontades e escolhas humanas, causados por acontecimentos anteriores, ou seja, o homem é fruto directo do meio, logo, destituído de liberdade total de decidir e de influir nos fenómenos em que toma parte, existe liberdade , mas esta liberdade condicionada a natureza do evento em um determinado instante.
O indivíduo faz exactamente aquilo que tinha de fazer e não poderia fazer outra coisa; a determinação de seus actos pertence à força de certas causas, externas e internas. É a principal base do conhecimento científico da Natureza, porque afirma a existência de relações fixas e necessárias entre os seres e fenómenos naturais: o que acontece não poderia deixar de acontecer porque está ligado a causas anteriores. A chuva e o raio não surgem por acaso; a semente não germina sem razão, etc.; há sempre acontecimentos prévios que preparam outros: chove porque houve primeiro evaporação, depois resfriamento e condensação do vapor; e assim por diante. Os mundos físico e biológico são, pois, regidos pelo determinismo - no nível macroscópico. No nível mental também vigora o mesmo princípio pois os pensamentos têm uma causa, assim como as acções deles decorrentes; pensamentos e actos estão relacionados aos impulsos, traços de carácter e experiências que caracterizam a personalidade.
A doutrina oposta é a do livre-arbítrio, que declara a vontade humana livre para tomar decisões e determinar suas acções. Diante de várias opções oferecidas por uma situação real, o homem poderia escolher uma racionalmente e agir livremente de acordo com a escolha feita (ou não agir, se o quisesse). Exige, portanto, capacidade de discernir e liberdade interior. O animal e o selvagem vêem as coisas em função da sua utilidade imediata na satisfação de instintos e impulsos primários; um pedaço de carne desperta interesse havendo fome para acalmar e só para esse fim. O civilizado, porém, percebe as coisas sob múltiplos aspectos; a carne poderia servir para alimentar a criação, ser examinada ao microscópio, fabricar aminoácidos para a medicina usar, inspirar um drama ou poema, e assim por diante.
Para os que crêem no livre-arbítrio o ser humano, tem de tomar uma decisão sobre a escolha a fazer. Pode-se supô-lo livre para tanto, reconhecendo, contudo, que frequentemente a condição mental do sujeito impõe restrições ao livre-arbítrio: irreflexão (impulsividade), hábitos fixos, inércia, imitação, moda e outros. Todavia, essas limitações não chegam a causar a liberdade por completo, nem eliminam a responsabilidade dos actos. Por ter de dormir três horas todas as tardes ou beber, o homem sofrerá diminuição da liberdade de decisão e acção, mas é o dono desses hábitos e, daí, o responsável pelas consequências do que fizer.
Um exemplo de argumento utilizado por deterministas para refutar o ponto de vista favorável ao livre-arbítrio, frequentemente encontrado em comunidades de discussão sobre o tema, indica que a escolha é uma ilusão provocada graças a factores como a percepção, e a memória, estes também determinados pela genética, quando combinados com o cenário ou o ambiente. Neste caso, a escolha seria na realidade uma percepção de que a execução de uma acção no presente (ou de que a escolha no presente de um plano para o futuro), é um fenómeno da consciência, em que o ambiente desperta a atenção do indivíduo para uma mudança significativa no seu meio, que faz com que ocorra a "ilusão" de escolha.
O pensamento determinista questiona alguns dos pilares da cultura e do conhecimento da civilização ocidental expressos em variações como: o conceito de livre-arbítrio, presente na doutrina de religiões como o judaísmo e o cristianismo ou o conceito de liberdade, fundamental para justificar as bases do capitalismo, por exemplo.
Alguns deterministas entendem que a chamada "ilusão da escolha" sendo também determinada, não é passível de controle. Desta forma, mesmo um determinista convicto estaria condenado a ter em alguns momentos tal ilusão, ainda que a combata, pois esta será imposta por factores internos ou externos, como por exemplo, respectivamente fisiologia ou interacções com o ambiente.
O aspecto essencial da questão consiste em saber se o sujeito, ao praticar a acção, era livre ou não para praticá-la, se há liberdade de escolha diante de várias possibilidades oferecidas por uma situação - ou se ele só poderia ter feito precisamente o que fez.

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