domingo, 28 de setembro de 2008

A realidade ...

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"O homem e a mulher do último terço do século XX necessitam, antes de tudo, de descobrir, entender e interpretar o mundo em que vivem, a realidade que os cerca ..." (F. PEREA)
Argumente esta afirmação.

sábado, 27 de setembro de 2008

O que é a reflexão?

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"E que significa reflexão? A palavra vem do verbo latino reflectere, que significa "voltar atrás". É pois, um repensar, ou seja, um pensamento em segundo grau. Poderíamos, pois, dizer: se toda a reflexão é pensamento, nem todo o pensamento é reflexão. Esta é um pensamento consciente de si mesmo, capaz de se avaliar, de verificar o grau de adequação que mantém com os dados objectivos, de medir-se com o real. Pode aplicar-se às impressões e opiniões, aos conhecimentos científicos e técnicos, interrogando-se sobre o seu significado. Reflectir é o acto de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, rever, vasculhar numa busca constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado. E é isto o filosofar.
Até aqui a atitude filosófica parece bastante simples, pois, uma vez que ela é uma reflexão sobre os problemas e uma vez que todos e cada homem têm problemas inevitavelmente, segue-se que cada homem é naturalmente levado a reflectir, portanto, a filosofar. (...)
Com efeito, se a filosofia é realmente reflexão sobre os problemas que a realidade apresenta, entretanto, ela não é qualquer tipo de reflexão. Para que uma reflexão possa ser adjectivada de filosófica, é preciso que satisfaça uma série de exigências que vou reunir em apenas três requisitos: a radicalidade, o rigor e a globalidade. Quero dizer, em suma, que a reflexão filosófica, para ser tal, deve ser radical, rigorosa e de conjunto."

D.Saviani, Do Senso Comum À Consciência Filosófica


1. Tendo o texto como referência explicite o carácater específico que o conceito de reflexão assume em Filosofia.

2. Atentendo aos três requisitos patentes no texto sobre a Filosofia, (radicalidade, rigor e globalidade), descreva o objecto da Filosofia.


(Retirado do site Netprof)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A Filosofia como inquietação

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"Todos os livros têm, à sua maneira, uma história. E este não escapa à regra. Simbiose possível de uma necessidade profissional e de um gosto pessoal, cujas origens remontam aos finais da década de sessenta, é o resultado concreto de uma paradoxal "desilusão". Desilusão de alguém que chegou à Filosofia quase por acaso, que nela julgava encontrar respostas para a inquietação adolescente e que descobriu afinal ser ela o "local" possível para o ilimitado suceder das Interrogações. É a descoberta de que a Filosofia é um Universo sem fim, uma maneira de estar no mundo que se opõe à acomodação e à "autosatisfação", uma compreensão ampla daquilo que nos rodeia, um pensamento intranquilo, uma segura insegurança. E é também não se sentir frustrado, por ser assim, recusando a Torre de Marfim de um contentamento medíocre, de uma explicação "atamancada" à pressa, de um abrigo eficaz sob as saias de um pensador ou "sistema" em Moda... É a procura do Quem somos?", "Donde vimos?", 'Para onde vamos?", "Que faremos?", "Que é o mundo que nos rodeia?", "Qual o sentido e o porquê?", conscientes de que a Resposta a tudo isto dificilmente se encontrará numa só "doutrina", numa só "ciência" ou numa só "pessoa". "
Levi Malho, Sob o Signo de Orfeu


1. Porque motivo podemos afirmar que a Filosofia é um pensamento intranquilo, uma segura "insegurança"?


2. O texto refere que a resposta às questões formuladas pela Filosofia dificilmente se encontrará numa só "doutrina", numa só "ciência" ou numa só "pessoa". Justifique por palavras suas a convicção do autor.

(Ficha retirada do site Netprof)

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A Filosofia em si

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TEXTO I

"A Filosofia em si não existe, tal como não existe o cavalo em si: apenas há filósofos, como apenas há cavalos árabes, (...) leoneses e anglo-normandos. As filosofias são produzidas pelos filósofos: e a proporção não é tão vã como habitualmente se acredita. Como há trinta e seis mil espécies de filósofos, há outras tantas espécies de filósofos."Paul Nizan

1. Tendo o texto como referência, discuta a dificuldade para definir Filosofia.
2. Explique porque motivo se torna difícil à Filosofia perspectivar com rigor o seu objecto.

TEXTO II

"A filosofia não é criadora; é reflexão sobre a totalidade da experiência vivida. Aceitava de boa vontade a fórmula de Brunschvicg, a história é o laboratório do filósofo, com a condição de entender por isso tanto a história individual (todo o indivíduo é uma história) como a história geral. Pretender filosofar todo o tempo é típico do intelectual que se evade. Façam os homens o que fizerem, eles pensam para agir e enquanto agem. O filósofo é um homem como os outros, que pensa primeiro participando nos trabalhos e na dor dos homens. E filosofar será voltar seguidamente sobre este pensamento imediato e espontâneo, reflectir sobre ele para lhe descobrir ou lhe dar um sentido. A filosofia é transformação pelo espírito do acontecimento em experiência, entendendo por acontecimento o dado bruto, a sensação, a situação histórica, o esforço para viver e pensar, tudo o que nos acontece interior e exteriormente, e por experiência a mesma coisa, mas reflectida pelo espírito que por essa operação se torna conteúdo significante. A verdade filosófica tem este duplo carácter de ser pessoal e universal, de elevar a personalidade à universalidade concreta."
J. Lacroix, Interview, La Nouvelle Critique, 1972

1. O texto remete para algumas das características fundamentais da Filosofia. Identifique-as e caracterize-as.
2. Explique qual é tarefa da Filosofia segundo o autor do texto.

(Retirado do site Netprof)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A origem da Filosofia

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"Criação original: Tudo começou há muito atrás, quando os antigos olhavam o universo, temendo as forças incontroláveis da natureza e procurando um acordo que lhes permitisse sobreviver. Para isso recorreram intuitivamente ao sobrenatural para explicar os fenómenos naturais. Neste contexto nasceu o pensamento mitológico, nomeadamente nas antigas culturas orientais.
Paralelamente, segundo a tradição, estes povos desenvolveram também a ciência, nomeadamente a geometria e a aritmética no Egipto, que teriam nascido da necessidade de medir a terra e de distribuir pelos seus proprietários, depois das periódicas inundações do Nilo. A astronomia, por outro lado, teria surgido na Babilónia, "com vista às suas crenças astrológicas."
Quando mais, se tentou, averiguar a origem do fenómeno filosófico grego, houve quem defendesse que este tinha derivado do Oriente, "pela crença de que os povos orientais estivessem em poder de uma sabedoria originária e pelo desejo de ligar tal sabedoria às principais manifestações do pensamento grego". Outras correntes, porém, defendem que a filosofia é uma criação original do gregos e que nada tem a ver com o pensamento mitológico oriental.
Amor da sabedoria. Ao contrário da sabedoria oriental, essencialmente religiosa enquanto património de uma casta sacerdotal, a filosofia grega é "pesquisa", pois "nasce de um acto fundamental de liberdade face à tradição, ao costume e a toda a crença aceite como tal", diz Abbagnano. Fundamenta-se no facto de que o homem, não possuindo a sabedoria, dever procurá-la.
A raiz etimológica de filosofia significa "amor à sabedoria", ou seja, "perseguição directa no encalço da verdade para lá da verdade para lá dos costumes, das tradições e das aparências." Embora se admita enraizada no mito, a filosofia grega é investigação racional autónoma, ou seja, não assenta numa verdade já revelada, mas apenas no força da razão e "nesta reconhece o seu único guia".
Vários autores defendem outras teses. Uns afirmam ser um milagre que teria aparecido na Grécia de um ma forma abrupta, fruto da genialidade do seu povo, enquanto outros alegam ter tido origem no pensamento mítico e intuitivo da Grécia do século VII. Outros ainda atribuem o fenómeno a causas históricas, sociais e culturais específicas da Grécia de então, como a "inexistência de uma casta sacerdotal, a figura do sábio, o predomínio da cidade, a transmissão pública do saber, a liberdade individual e o desenvolvimento da escrita".
Graças a este espírito pioneiro e inteligente, estimulado por condições sociais únicas, chega -nos a profundidade do pensamento grego, percursor de outras coerentes filosóficas, mais vivo do que nunca nos nossos dias e que nos oferece a possibilidade real de nos pensarmos a nós mesmos e ao mundo em que vivemos. "
Ana Vieira de Castro, in XIS, 11 de Junho de 2003


1. Explicite as diferenças, patentes no texto, entre o pensamento oriental e o pensamento filosófico grego.
2. Quais formam as causas que segundo o texto permitiram que o nascimento da filosofia tivesse tido como local a Grécia?
(Ficha retirada do site Netprof)







terça-feira, 23 de setembro de 2008

O que é a filosofia? (II)




"O que é a filosofia? Esta é uma questão notoriamente difícil. Uma das formas mais fáceis de responder é dizer que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem, indicando de seguida os textos de Platão, Aristóteles, Descartes, Hume, Kant, Russell, Wittgenstein, Sartre e de outros filósofos famosos. Contudo, é improvável que esta resposta possa ser realmente útil se o leitor está a começar agora o seu estudo da filosofia, uma vez que, nesse caso, não terá provavelmente lido nada desses autores. Mas mesmo que já tenha lido alguma coisa, pode mesmo assim ser difícil dizer o que têm em comum, se é que existe realmente uma característica relevante partilhada por todos. Outra forma de abordar a questão é indicar que a palavra «filosofia» deriva da palavra grega que significa «amor da sabedoria». Contudo, isto é muito vago e ainda nos ajuda menos do que dizer apenas que a filosofia é aquilo que os filósofos fazem. Precisamos por isso de alguns comentários gerais sobre o que é a filosofia.
A filosofia é uma actividade: é uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua característica mais marcante é o uso de argumentos lógicos. A actividade dos filósofos é, tipicamente, argumentativa: ou inventam argumentos, ou criticam os argumentos de outras pessoas ou fazem as duas coisas. Os filósofos também analisam e clarificam conceitos. A palavra «filosofia» é muitas vezes usada num sentido muito mais lato do que este, para referir uma perspectiva geral da vida ou para referir algumas formas de misticismo. Não irei usar a palavra neste sentido lato: o meu objectivo é lançar alguma luz sobre algumas das áreas centrais de discussão da tradição que começou com os gregos antigos e que tem prosperado no século XX, sobretudo na Europa e na América.
Que tipo de coisas discutem os filósofos desta tradição? Muitas vezes, examinam crenças que quase toda a gente aceita acriticamente a maior parte do tempo. Ocupam-se de questões relacionadas com o que podemos chamar vagamente «o sentido da vida»: questões acerca da religião, do bem e do mal, da política, da natureza do mundo exterior, da mente, da ciência, da arte e de muitos outros assuntos. Por exemplo, muitas pessoas vivem as suas vidas sem questionarem as suas crenças fundamentais, tais como a crença de que não se deve matar. Mas por que razão não se deve matar? Que justificação existe para dizer que não se deve matar? Não se deve matar em nenhuma circunstância? E, afinal, que quer dizer a palavra «dever»? Estas são questões filosóficas. Ao examinarmos as nossas crenças, muitas delas revelam fundamentos firmes; mas algumas não. O estudo da filosofia não só nos ajuda a pensar claramente sobre os nossos preconceitos, como ajuda a clarificar de forma precisa aquilo em que acreditamos. Ao longo desse processo desenvolve-se uma capacidade para argumentar de forma coerente sobre um vasto leque de temas -- uma capacidade muito útil que pode ser aplicada em muitas áreas.

A filosofia e a sua história
Desde o tempo de Sócrates que surgiram muitos filósofos importantes. Já referi alguns no primeiro parágrafo. Um livro de introdução à filosofia poderia abordar o tema historicamente, analisando as contribuições desses grandes filósofos por ordem cronológica. Mas não é isso que farei neste livro. Ao invés, abordarei o tema por tópicos: uma abordagem centrada em torno de questões filosóficas particulares e não na história. A história da filosofia é, em si mesma, um assunto fascinante e importante; muitos dos textos filosóficos clássicos são também grandes obras de literatura: os diálogos socráticos de Platão, as Meditações, de Descartes, a Investigação sobre o Entendimento Humano, de David Hume e Assim Falava Zaratustra, de Nietzsche, para citar só alguns exemplos, são todas magníficos exemplos de boa prosa, sejam quais forem os padrões que usemos. Apesar de o estudo da história da filosofia ser muito importante, o meu objectivo neste livro é oferecer ao leitor instrumentos para pensar por si próprio sobre temas filosóficos, em vez de ser apenas capaz de explicar o que algumas grandes figuras do passado pensaram acerca desses temas. Esses temas não interessam apenas aos filósofos: emergem naturalmente das circunstâncias humanas; muitas pessoas que nunca abriram um livro de filosofia pensam espontaneamente nesses temas.
Qualquer estudo sério da filosofia terá de envolver uma mistura de estudos históricos e temáticos, uma vez que se não conhecermos os argumentos e os erros dos filósofos anteriores não podemos ter a esperança de contribuir substancialmente para o avanço da filosofia. Sem algum conhecimento da história, os filósofos nunca progrediriam: continuariam a fazer os mesmos erros, sem saber que já tinham sido feitos. E muitos filósofos desenvolvem as suas próprias teorias ao verem o que está errado no trabalho dos filósofos anteriores. Contudo, num pequeno livro como este, é impossível fazer justiça às complexidades da obra de filósofos individuais. As leituras complementares, sugeridas no fim de cada capítulo, ajudam a colocar num contexto histórico mais vasto os assuntos aqui discutidos.

Porquê estudar filosofia?
Defende-se por vezes que não vale a pena estudar filosofia uma vez que tudo o que os filósofos fazem é discutir sofisticamente o significado das palavras; nunca parecem atingir quaisquer conclusões de qualquer importância e a sua contribuição para a sociedade é virtualmente nula. Continuam a discutir acerca dos mesmos problemas que cativaram a atenção dos gregos. Parece que a filosofia não muda nada; a filosofia deixa tudo tal e qual.
Qual é afinal a importância de estudar filosofia? Começar a questionar as bases fundamentais da nossa vida pode até ser perigoso: podemos acabar por nos sentir incapazes de fazer o que quer que seja, paralisados por fazer demasiadas perguntas. Na verdade, a caricatura do filósofo é geralmente a de alguém que é brilhante a lidar com pensamentos altamente abstractos no conforto de um sofá, numa sala de Oxford ou Cambridge, mas incapaz de lidar com as coisas práticas da vida: alguém que consegue explicar as mais complicadas passagens da filosofia de Hegel, mas que não consegue cozer um ovo.
A vida examinada
Uma razão importante para estudar filosofia é o facto de esta lidar com questões fundamentais acerca do sentido da nossa existência. A maior parte das pessoas, num ou noutro momento da sua vida, já se interrogou a respeito de questões filosóficas. Por que razão estamos aqui? Há alguma demonstração da existência de Deus? As nossas vidas têm algum propósito? O que faz com que algumas acções sejam moralmente boas ou más? Poderemos alguma vez ter justificação para violar a lei? Poderá a nossa vida ser apenas um sonho? É a mente diferente do corpo, ou seremos apenas seres físicos? Como progride a ciência? O que é a arte? E assim por diante.
A maior parte das pessoas que estuda filosofia acha importante que cada um de nós examine estas questões. Algumas até defendem que não vale a pena viver a vida sem a examinar. Persistir numa exis­tência rotineira sem jamais examinar os princípios na qual esta se baseia pode ser como conduzir um automóvel que nunca foi à revisão. Podemos jus­tificadamente confiar nos travões, na direcção e no motor, uma vez que sempre funcionaram suficien­temente bem até agora; mas esta confiança pode ser completamente injustificada: os travões podem ter uma deficiência e falharem precisamente quando mais precisarmos deles. Analogamente, os princípios nos quais a nossa vida se baseia podem ser inteiramente sólidos; mas, até os termos examinado, não podemos ter a certeza disso.
Contudo, mesmo que não duvidemos seriamente da solidez dos princípios em que baseamos a nossa vida, podemos estar a empobrecê‑la ao recusarmo‑nos a usar a nossa capacidade de pensar. Muitas pessoas acham que dá demasiado trabalho ou que é excessivamente inquietante colocar este tipo de questões fundamentais: podem sentir‑se satisfeitas e confortáveis com os seus preconceitos. Mas há outras pessoas que têm um forte desejo de encontrar respostas a questões filosóficas que representem um desafio.

Aprender a pensar
Outra razão para estudar filosofia é o facto de isso nos proporcionar uma boa maneira de aprender a pensar mais claramente sobre um vasto leque de assuntos. Os métodos do pensamento filosófico podem ser úteis em variadíssimas situações, uma vez que, ao analisar os ar­gumentos a favor e contra qualquer posição, adquirimos aptidões que podem ser aplicadas noutras áreas da vida. Muitas pessoas que estudam filosofia aplicam depois as suas aptidões em profissões tão diferentes quanto o di­reito, a informática, a consultoria de gestão, o funciona­lismo público e o jornalismo ‑ áreas onde a clareza de pensamento é um grande trunfo. Os filósofos usam tam­bém a perspicácia que adquirem acerca da natureza da existência humana quando se voltam para as artes: alguns filósofos foram também romancistas, críticos, poe­tas, realizadores de cinema e dramaturgos de sucesso.
[...]
A filosofia é difícil?
A filosofia é muitas vezes descrita como uma disci­plina difícil. Há vários tipos de dificuldades associadas à filosofia, algumas delas evitáveis.
Em primeiro lugar, é verdade que muitos dos pro­blemas com os quais os filósofos profissionais lidam exigem efectivamente um nível bastante elevado de pensamento abstracto. Contudo, o mesmo se aplica a praticamente todas as actividades intelectuais: a esse respeito, a filosofia não é diferente da física, da teoria literária, da informática, da geologia, da matemática ou da história. Tal como acontece com estas e outras áreas de estudo, a dificuldade em dar um contributo substancialmente original na área respectiva não deve ser usada como desculpa para negar às pessoas comuns o conhecimento dos avanços dessas áreas, nem para as impedir de aprender os seus métodos básicos.
Contudo, há um segundo tipo de dificuldade associada à filosofia que pode ser evitada. Os filósofos nem sempre são bons prosadores. Muitos têm fracas capacidades para comunicar claramente as suas próprias ideias. Por vezes, isto acontece porque só estão interessados em atingir uma pequeníssima audiência de leitores especializados; outras vezes, porque usam uma gíria desnecessariamente complicada que se limita a confundir os que com ela não estão familiarizados. Os termos especializados podem ser úteis para evitar explicar certos conceitos sempre que são usados. Contudo, há entre os filósofos profissionais uma tendência infeliz para usar termos especializados como um fim em si; muitos usam expressões latinas apesar de existirem equivalentes portugueses perfeitamente aceitáveis. Um parágrafo cheio de palavras desconhecidas e de palavras conhecidas usadas de forma desconhecida pode intimidar. Alguns filósofos parecem falar e escrever numa linguagem inventada por eles. Isto pode fazer que a filosofia pareça muito mais difícil do que na verdade é.
[...]

Os limites do que a filosofia pode fazer
Alguns estudantes têm expectativas excessivamente altas em relação à filosofia. Esperam que a filosofia lhes forneça uma imagem acabada e detalhada dos dilemas humanos. Pensam que a filosofia lhes irá revelar o sen­tido da vida e explicar todas as facetas das nossas com­plexas existências. Ora, apesar de o estudo da filosofia poder iluminar algumas questões fundamentais rela­cionadas com a nossa existência, não oferece nada que se pareça com uma imagem acabada, se é que de facto pode existir tal coisa. Estudar filosofia não é uma alter­nativa ao estudo da arte, da história, da psicologia, da antropologia, da sociologia, da política e da ciência. Estas diferentes disciplinas concentram‑se em diferen­tes aspectos da vida humana e oferecem diferentes tipos de esclarecimentos. Alguns aspectos da vida das pessoas resistem à análise filosófica e até talvez a qual­quer outro tipo de análise. É por isso importante não esperar demasiado da filosofia."
WARBURTON, Nigel (1998). Elementos básicos de filosofia. Lisboa: Gradiva, páginas 19 - 27

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O que é a Filosofia?

Rodin, O pensador


"Imaginemos alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de "que horas são" ou que "dia é hoje", perguntasse: O que é o tempo? Em vez de dizer "está a sonhar" ou "ficou maluca" quisesse saber: O que é sonho? A loucura? A razão? Em vez de gritar "mentiroso!", questionasse: O que a verdade? O que é o falso? O que é o erro? O que é a mentira? Quando existe verdade e porquê? Quando existe ilusão e porquê?
Se, me lugar de discorrer tranquilamente sobre "maior" e "menor" ou "claro" e "escuro", resolvesse investigar: O que é a necessidade? O que é qualidade? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas ideias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse perguntar: O que é o valor? O que é valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade?
Alguém que tomasse essa decisão, estaria a distanciar-se da vida quotidiana e de si mesmo, teria passado a interrogar-se acerca do que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, a nossa existência. Ao tomar essa distância, estaria a interrogar-se a si mesmo, desejando conhecer porque cremos no que cremos, porque sentimos o que sentimos e o que são as nossas crenças e os nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adoptar o que chamamos de atitude filosófica.
Assim, numa primeira resposta à pergunta "O que é a Filosofia?" poderia ser: a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os factos, as situações, os valores, os comportamentos da nossa existência quotidiana e de jamais aceitá-los sem antes os ter investigado e compreendido.
Perguntaram, certa vez, a um filósofo: "Para que serve a Filosofia?" E ele respondeu: "Para não darmos a nossa aceitação imediata às coisas, se maiores considerações". "
Marinela Chaui

Actividade

Partindo do texto, esclareça o papel desempenhado pela interrogação para o exercício da actividade filosófica.
Traduza por palavras suas o significado da seguinte expressão: "O que é a Filosofia? (…) a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os factos, as situações, os valores, os comportamentos da nossa existência quotidiana e de jornais aceitá-los sem antes os ter investigado e compreendido. (…) Para que serve a Filosofia? E ele respondeu: "Para não darmos a nossa aceitação imediata às coisas, se maiores considerações."

(Retirado do site netprof)

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O método em Filosofia

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"No que diz respeito ao método, a filosofia aspira a ser uma explicação puramente racional de toda a totalidade que se coloca como objecto. Em filosofia é válido o argumento da razão, a motivação lógica, o logos. Para a filosofia não suficiente constatar ou comprovar dados de facto, reunir experiências, para encontrar a causa ou as causas, precisamente através da razão. Este é carácter que confere cientificidade à filosofia. Dir-se-á que este aspecto também é comum às demais ciências, que, enquanto tais, nunca são uma mera comprovação empírica, mas em todos casos uma procura de causas e razões. A diferença reside no facto de que enquanto que as ciências particulares são investigações particulares ou de sectores particulares, a filosofia é a investigação racional de toda a realidade (do princípio ou princípios de toda a realidade). Com isto fica clara a ideia a diferença entre a filosofia, arte e religião. Também a arte e as grandes religiões aspiram a captar o sentido da totalidade do real mas aquela fá-lo por meio do mito e a fantasia, e estas através da crença e da fé. (...) Pelo contrário, a filosofia procura a explicação da totalidade do real precisamente no logos.
O objectivo ou finalidade da filosofia, por último, reside no puro desejo de conhecer e de contemplar a verdade. Em definitivo, a filosofia grega constitui um amor desinteressado à verdade. Segundo Aristóteles, os homens, ao filosofar, "buscavam o conhecimento com a finalidade de saber, e não para conseguir um uso prático". De facto, a filosofia nasce unicamente após os homens terem solucionado os problemas fundamentais da sobrevivência e se terem libertado das necessidades materiais mais urgentes. "É evidente, pois – conclui Aristóteles –, que não procuramos a filosofia por algum proveito que seja a esta; assim como chamamos homem livre àquele que é um fim em si mesmo e que não está subjugado por outros, assim, também só a Filosofia entre todas as outras ciências, recebe o nome de livre: só ela é um fim em si mesma. Fim em si mesma porque tem vista a verdade procurada, contemplada e desfrutada como tal. Entende-se, portanto, a afirmação de Aristóteles: " Todas as demais ciências são mais necessárias do que esta, mas nenhuma será superior." (...)
Impõe-se contudo uma reflexão: a contemplação que é peculiar da filosofia grega não equivale a um otium vazio. É verdade que não se encontra submetida a fins utilitários, mas possui uma relevância moral – e inclusive política – de primeira ordem. É evidente que, ao contemplar o todo, se alteram necessariamente todas as perspectivas usuais, transforma-se a visão do significado da vida humana e aparece uma nova hierarquia de valores."
Giovanni Antiseri, Historia del Pensamiento cientifico y filosófico, Editoral Herder, Barcelona

1. Quais são os factores que segundo o texto conferem legitimidade à Filosofia?
2. Estabeleça uma comparação entre o método utilizado pela ciência e pela filosofia.
3. Torne evidente, segundo o texto, a diferenças essenciais entre Filosofia, Religião e Arte.


(Retirado do site Netprof)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Novo ano lectivo ...

Começa ... com muito trabalho e dedicação!

Bom ano lectivo!!!!