terça-feira, 3 de março de 2009

A ética kantiana

Foto retirada de http://olhares.aeiou.pt/


"Não é possível em seja o que for no mundo, ou até fora dele, que se possa considerar bom sem qualificação excepto a vontade boa. A inteligência, a perspicácia, o discernimento e sejam quais forem os talentos do espírito que se queira nomear são sem dúvida bons e desejáveis, em muitos aspectos, tais como as qualidades do temperamento como a coragem, a determinação, a perseverança. Mas podem também tornar-se extremamente más e prejudiciais se a vontade, que dará uso a estes dons da natureza e que na sua constituição especial se chama "carácter", não for boa. O mesmo acontece com os bens da fortuna; poder, riquezas, honra e até a saúde, e o completo be estar e satisfação relativamente à nossa condição a que se chama "felicidade" suscitam o orgulho e muitas vezes desse modo a arrogância, a não ser que exista uma vontade boa para corrigir a sua influência no espírito e desse modo também rectificar todo o princípio da acção e torná-lo universalmente conforme ao seu fim. Um ser que não seja agraciado por qualquer resquício de uma vontade pura e boa mas que contudo desfrute de uma prosperidade ininterrupta nunca pode deleitar um espectador racional e imparcial. Assim, uma boa vontade parece constituir a condição indispensável até para se ser digno de felicidade. (…)
Há apenas um imperativo categórico, e é este: Age apenas de acordo com aquela máxima que possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal.
Ora, se todos os imperativos categóricos podem ser derivados deste imperativo como principio deles, então pode pelo menos mostrar-se o que se entende pelo conceito de dever e o que este conceito significa, apesar de ficar por decidir se o que se chama "dever" não será um conceito vazio.
A universalidade da lei de acordo com a qual os efeitos se produzem constitui o que apropriadamente se chama "natureza" no sentido mais geral (quanto à forma ), isto é, a existência de coisas enquanto determinadas por leis universais. Assim, o imperativo universal do dever pode exprimir-se assim: Age como se a máxima da tua acção se tornasse pela tua vontade uma lei universal da natureza. "Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes





1. Porque motivo defende Kant que " uma vontade boa parece constituir a condição indispensável até para se ser digno de felicidade"?
2. Comente o significado filosófico do imperativo categórico.
3. Explicite o conceito de natureza em Kant.

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