terça-feira, 17 de março de 2009

O problema da eutanásia

Imagem retirada da net


Será a eutanásia eticamente permissível? Quando se discute este problema é preciso distinguir diversos tipos de eutanásia. A distinção entre autanásia activa e passiva, é uma delas. Imaginemos, por ex., um médico confrontado com um doente terminal em grande sofrimento. Se o médico lhe injectar uma substância letal para pôr fim ao seu sofrimento, estará a praticar eutanásia activa. Mas praticará eutanásia passiva se a morte do doente resultar da sua opção de suspender certos tratamento. No 1º caso, o médico mata o doente; no segundo, limita-se a deixá-lo morrer. Será esta diferença moralmente relevante?

O utilitarista pensa que não. Ele acredita que, como só interessam as consequências das nossas opções, não há diferença importante entre actos e omissões, isto é, entre aquilo que fazemos acontecer e aquilo que deixamos acontecer. Por isso, pensa ele, não faz sentido condenar absolutamente a eutanásia activa, afinal tanto uma como a outra têm essencialmente as mesmas consequências. Não há qualquer razão para levar em conta o simples facto de a primeira resultar de um acto e a segunda de uma omissão.

Já um deontologista pode condenar a eutanásia activa mas aceitar a eutanásia passiva. Para ele a diferença entre actos e omissões é muito importante, pois temos deveres que proíbem a realização de certos actos. Temos o dever de não assassinar e o médico que realiza o acto de matar praticando a eutanásia ctiva está claramente a infringir esse dever, mas o mesmo não sucede com o médico que opta pela eutanásia passiva, deixando morrer o seu doente. Muitos deontologistas condenam os dois tipos de eutanásia, mas mesmo assim consideram a activa mais grave do que a passiva. Os utilitaristas, pelo contrário, tendem a aprovar a eutanásia, pois vêem-na como uman maneira de pôr fim ao sofrimnto. Defendem até que a eutanásia activca é mais humanitária do que a passiva, pois esta evita que o sofrimento do doente se prolongue desnecessariamente.

Por outro lado, imagenemos um médico perante um doente terminal em grande sofrimento, mas suponhamos agora que este opta por lhe administrar quantidades cada vezx maiores de uma substância analgésica, sabendo que na esmagadora maioria dos casos ela acba por provocar a morte. Para um deontologista que se opõe à eutanásia, é fundamental determinar a intenção do médico. Está o médico a tentar matar a dor do doente? Ou está a tentar matar o doente? O que pretende ele? Supondo que o paciente acaba por morrer devido à substância analgésica, o modo como o deontologista avaliará a conduta do médico depende da resposta a esta questão. Caso o médico tenha pretendido matar o paciente, o seu acto foi profundamente errado: foi um acto de assassinar uma pessoa inocente. Mas caso a intenção do médico tenha sido aliviar a dor do paciente, então um exame cuidado dos factos pode revelar que procedeu bem.

Para o utilitarista, pelo contrário, não é importante saber qual foi ao certo a intenção do médico. Numa situação do tipo estamos a considerar não há qualquer diferença moralmente significativa entre os dois actos, pois t~em as mesmas consequências.

(Texto adaptado do livro A Arte de Pensar, Filosofia 10º ano)

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