Na estrutura da acção humana, encontramos vários níveis ou dimensões:
- a dimensão do agir considerado como o agir da consciência, corresponde a acção moral.
- é a este nível da acção que se refere a dimensão ética do agir, a acção que é possível pela liberdade.
Ao falarmos de valores do mundo contemporâneo, viu-se que actualmente se assiste a uma polarização em novos valores mais ligados ao desenvolvimento da personalidade íntima. Houve uma mudança nas concepções morais e as consciências individuais já não se indignam com comportamentos que outrora eram motivo de repúdio. Houve, portanto, uma mudança na mentalidade social quanto ao que é moral ou imoral.
Quem ajuíza moralmente julga a partir da sua consciência, a partir de uma certa escala ou tábua de valores subjectivamente assumidos. Estes fornecem os critérios para julgar acerca do bem e do mal dos nossos comportamentos e servem também de fundamento aos raciocínios que justificam a escolha moral numa dada situação.
A dimensão ética do agir está intimamente associada a uma forma peculiar da nossa consciência que nos "DIZ" o que devemos ou não fazer, ou, quando fazemos algo, nos passa uma "reprimenda interior" ou nos faz um "elogio" consoante julga que agimos bem ou mal.
A consciência moral aparece assim à nossa experiência como uma espécie de "Juiz interior" que nos ordena o que deve ser, parecendo assim desempenhar uma função essencialmente crítica do agir.
Como se vai estruturando a consciência moral?
O pensamento moral está sujeito a um processo de desenvolvimento que passa por várias etapas ou estádios. A progressão nos estádios está ligada ao desenvolvimento da consciência reflexiva racional e ao tipo de relações sociais em que o indivíduo se insere. De modo geral, esta progressão orienta-se numa direcção que vai da HETERONOMIA para a AUTONOMIA.
A consciência moral vai evoluindo de um "medo irracional" do castigo e de uma interiorização das normas para, na sua fase mais elevada a quem nem todos chegam, uma AUTODETERMINAÇÃO em função de PRINCÍPIOS MORAIS racionalmente justificados.
A consciência moral é composta por sentimentos morais, raciocínios morais e normas morais interiorizadas e sujeitas a pressão social. Se a consciência moral é constituída por três tipos de elementos, sentimentos, raciocínios e normas, isto significa que há nela uma dimensão que não se deixa reduzir à pura racionalidade.
O resultado de uma acção orientada por sentimentos a raciocínios morais altera o modo de percepção do estímulo e pode aguçar ou embotar os sentimentos e alterar as normas.
Assim, consciente e responsável são dois conceitos inseparáveis. Porque só aquele que reconhece os actos como seus e sabe distinguir uma boa acção de uma má acção é que pode dar razões da sua conduta, é que pode ser responsabilizado. Por isso, CONSCIÊNCIA é um termo que significa fundamentalmente duas coisas:
- "ter consciência de algo", é dar-se conta, saber lago. O não saber, o não dar-se conta é estar inconsciente (psicologia).
- como significado moral significa a FACULDADE que possuímos de julgar em nós mesmos o que é bom ou mau, é a nossa bússola moral, uma voz interior que nos aplaude ou repreende.
Por RESPONSABILIDADE, RESPONSÁVEL entende-se:
- comprometer-se perante alguém em retorno de ...
- a capacidade e obrigação de responder ou prestar contas pelos próprios actos e seus efeitos aceitando as suas consequências.
- Só uma pessoa pode ser responsável; e é-o fundamentalmente por si mesma e perante si "em primeira pessoa", pelo que é intransmissível.
SENTIDO E ORIGEM DA VOZ DA CONSCIÊNCIA:
Os filósofos investigaram em que sentido se pode falar de uma voz da consciência e, sobretudo, qual é a origem dessa voz. A voz da consciência foi entendida ao longo do pensamento filosófico como:
- sanção correctora dos nossos actos;
- como faculdade que julga a moralidade das nossas acções;
- como intuição moral, etc.
Quanto à origem da consciência moral:
- Pode ser concebida como Inata. Supõe-se que, pelo mero facto de se existir, todos os homens possuem uma consciência moral;
- Pode ser concebida como ADQUIRIDA. Pode considerar-se que se adquires pela educação de potências morais inscritas no homem, ou pode supor-se que se adquire no decurso da história, da evolução natural das relações sociais, etc.
- A sua origem pode ser atribuída a uma entidade divina. Supõe-se em tal caso que Deus depositou no homem a "centelha de consciência", por meio da qual se descobre se um acto é justo ou injusto.
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