sexta-feira, 6 de março de 2009

Critica de Stuart Mill a Kant

Foto retirada de http://olhares.aeiou.pt



"(...) Não posso deixar de referir, a título ilustrativo, um tratado sistemático de um dos mais ilustres (filósofos), a Metafísica da Ética, de Kant. Este homem notável, cujo sistema de pensamento permanecerá por muito tempo um dos marcos na história da especulação filosófica, estabelece realmente no tratado em questão, um primeiro princípio universal como origem e fundamento da obrigação moral; é este "Age de tal maneira que a regra da tua acção possa ser adoptada como lei por todos os seres racionais". Mas quando começa a deduzir deste preceito qualquer um dos deveres reais da moralidade, fracassa, de tal forma grotesca, em demonstrar que haveria qualquer contradição, qualquer impossibilidade lógica (para não dizer física), na adopção por todos os seres racionais das regras de conduta mais revoltantemente imorais. Tudo que demonstra é que as consequências da sua adopção universal seriam de tal ordem que ninguém escolheria sofrê-las. (...)
Quando Kant (como antes assinalamos) propõe como principio fundamental da moral "Age de tal forma que a regras da tua acção possa ser adoptada como lei por todos os seres racionais" reconhece virtualmente que o interesse da humanidade, no seu conjunto, ou pelo menos da humanidade considerada indiscriminadamente, deve estar na mente do agente quando decide conscienciosamente sobre a moralidade do acto. De outra forma está a usar palavras sem sentido: pois não pode defender-se com plausibilidade que mesmo uma regra de total egoísmo não tenha a possibilidade de ser adoptada por todos os seres racionais – que exista na natureza das coisas um qualquer obstáculo insuperável à sua adopção. Para dar algum significado ao principio kantiano, o sentido que lhe é conferido tem de ser que devemos moldar a nossa conduta por uma regra que todos os seres racionais pudessem adoptar com benefício para o seu interesse colectivo."John Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa Editora

1. Assinale, tendo o texto como referência, qual a principal crítica que Stuart Mill faz à concepção moral de Kant.
2. "A moralidade das nossas acções não depende das intenções mas sim das consequências" Concorda com esta afirmação? Justifique a sua opinião.

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